Ian Curtis era um excelente poeta que profetizava a decadência interior e a alienação sem que os seus poemas alguma vez roçassem a auto-compaixão. No último concerto que deu, já no mês de Maio de 1980 (viria a morrer dia 18 desse mês), a última canção que cantou foi Digital. Trata-se de uma curiosidade interessante porque nessa música os versos apontam para alguém que pensa na morte e a sente aproximar-se. Os versos dizem:
-I feel it closing in (sinto-o a aproximar-se)
-The fear of whom I call (O medo daqueles que chamo)
-Day in, Day Out (Dia dentro Dia Fora)
-As Shadows starts to form (À medida que as sombras se começam a formar)
-Feel it cold and mortal (Sinto-o frio e mortal)
-The Shadows start to fall (As sombras começam a ceder)
-I’d have the world around/to see just whatever happens/Stood by the door alone (Gostava de ter o mundo a girar para mim/espreitar o que ia acontecendo/Escondido sozinho na porta) (A IDEIA DE DISTANCIAMENTO É CLARÍSSIMA! OS VERSOS SEGUINTES SERÃO AINDA MAIS ESCLARECEDORES…)
-And then it’s fade away (e depois é desvanecer)
-Don’t ever fade away (Nunca desvaneças)
-I need you here today (Preciso de ti agora)
-Don’t ever fade away/Fade Away (Nunca desvaneças/Desvanecer)
De todas as músicas de Joy Division que apontam para o suicídio, Digital é a melhor e a mais esclarecedora dos problemas de Curtis. O facto de ter sido a última música a ser tocada ao vivo pela banda dá-lhe uma aura quase lendária.
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