É um filme muito importante na história da 7ª Arte, sem dúvida o mais importante da década, embora esteja muito longe de ser o melhor (Haverá Sangue, Grizzly Man…). Trata-se de uma película absolutamente revolucionária, visto que usa o 3-D de uma maneira nunca antes vista. Ver esta obra em 2-D não faz grande sentid, a razão pela qual se trata do filme mais inovador da década é o 3-D…
Neste filme os produtores devem ter pensado que se fizessem uma coisa bonita (esteticamente), a história poderia ser a coisa mais ridícula alguma vez contada e as pessoas iriam gostar na mesma…foi mais ou menos isso que aconteceu. Claro que a história tem a sua piada e não é o argumento mais ridículo de sempre, mas algumas das “deixas” deixam muito a desejar. Não houve grande cuidado em criar uma história profunda e com sentimento. A magia do cinema é contar histórias, histórias interessantes. A história deste filme não é nada inovadora, não nos faz pensar em nada de interessante e, simplesmente, mantem-nos entretidos durante duas horas e meia (isso não é mau, antes pelo contrário, mas os standards daquilo que é entretenimento andam muito baixos).
O filme fala de um jovem paralítico que é levado para um planeta onde interagirá com os seres estranhos que aí habitam. Para isso é induzido num sono esquisito (coisa à Hollywood). Acaba por se apaixonar por uma alienígena que, por acaso, é a filha do chefe do clã (Hollywood ao CUBO!).
A história, como disse, não passa de uma colagem de clichés ridículos muito em voga no cinema americano. Algumas das falas das personagens são rídiculas ao ponto de deixar o espectador desconfortável (era suposto ter piada?)…
Agora vamos ao que interessa. Do ponto de vista visual o filme é estonteante e não pode deixar ninguém indiferente. Aquilo que eu vi com aqueles óculos foi LINDO…é raro verem-se filmes tão belos, com tanta cor, com tanto brilho, com acção e lutas tão bem filmadas. A beleza visual deste filme deixa qualquer espectador boquiaberto. Avatar é um filme que ninguém devia ver sem ser no grande ecrã.
Ainda que seja um acontecimento na História do Filme, acho que este não vai ser o futuro do cinema. Eu vou ao cinema para ser catapultado para outras dimensões. Avatar é capaz de me transportar para um mundo diferente, mas apenas fisicamente. Eu senti aquilo que se estava a passar, mas não o vivi. Há filmes que podem ser vividos. Podiam mencionar muitos. Escolho um do meu realizador preferido, 2001: A Odisseia no Espaço, esta grande obra-prima do cinema transporta-me para outra dimensão, mas fá-lo do ponto de vista espiritual. Eu vivi completamente esse filme, deixei que ele tomasse conta de mim e me fizesse saltar de dimensão. É, sem dúvida, um filme maior que a vida. Avatar não consegue operar do ponto de vista espiritual. As personagens não têm sentimentos, não se envolvem, não “conquistam”…A máquina Hal 9000 de Stanley Kubrick tem mais sentimentos que aquela tripulação ridícula toda junta. Mas também…Kubrick foi um dos Deuses do cinema, enquanto Cameron é apenas mais um desses fantoches de estúdio. Infelizmente já não se fazem Homens como o Kubrick…
Resumindo: enquanto a tecnologia não estiver ao serviço da arte o 3D, os efeitos especiais e todos os avanços tecnológicos não vão servir de muito...Para haver bons filmes é preciso haver sentimento...A Avatar falta-lhe isso e, caso tivesse, até poderia ser um grande filme.
Caso apareça outro filme do género (tenta ser bom só porque tem uns efeitos especiais bacanos) eu vejo outra coisa…
7/10
P.S.: O próprio Francis Ford Coppola, realizador de Apocalypse Now, corrobora as minhas palavras como descobri nesta entrevista feita ao cineasta norte-americano pelo crítico português João Lopes:
João Lopes: Sente-se atraído pelo formato de três dimensões?
F.F. Coppola: "Acho que é uma brincadeira. No essencial, o 3-D não mudou desde os anos 50, continua a ser com óculos. Não passa de uma tentativa patética dos estúdios para combater a pirataria, os downloads e outras formas de entertainment como o desporto. Alguém acredita que o 3-D pode melhorar uma má história?"
Embora não concorde com tudo, assino por baixo a última frase de Coppola.
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